Quem são e como vivem os brasileiros e brasileiras na França?

Gisele Almeida


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Estudos e pesquisas sobre a imigração brasileira na Europa


Aconteceu em Lisboa, de 4 a 6 de junho de 2012, o 2º Seminário de Estudos sobre Imigração Brasileira na Europa. O evento foi organizado pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa.

Tive o privilégio de participar da primeira edição do evento em 2010 em Barcelona, privilégio duplicado com a presença nesta segunda edição do evento. O próximo encontro está previsto para acontecer em 2014 em Londres, organizado pelo Grupo de estudos sobre Brasileiros no Reino Unido. 

A realização destes seminários é de extrema relevância, tanto em função do volume de brasileiros que vivem na Europa como também pela emergência de novas configurações e padrões migratórios. 

Estimativas disponíveis sugerem que cerca de 30% dos brasileiros que vivem no exterior está na Europa, aspecto que aumenta a relevância do continente se considerarmos o livro espaço de circulação europeu, e sua potencialidade para inaugurar territórios de passagem, trânsito e de instalação para os brasileiros.

O seminário de Lisboa teve 9 sessões temáticas, que acolheram trabalhos relativos:
1. à migração de jovens e aspectos relacionados ao que se pode chamar 2ª geração;
2. ao retorno para o Brasil diante dos efeitos da crise econômica europeia;
3. aspectos relacionados à saúde;
4. às atividades profissionais e à inserção no mercado de trabalho;
5. aos aspectos relativos ao associativismo e à participação política dos emigrados;
6. às dimensões relativas à interface gênero e migração;
7. às novas tecnologias da informação e comunicação e o uso das redes na dinâmica migratória;
8. às práticas religiosas dos imigrantes brasileiros;
9. aos mecanismos e aos desafios dos casamentos mistos.

Em relação aos países receptores destes imigrantes brasileiros, o seminário evidenciou a preponderância das pesquisas sobre imigração brasileira em Portugal e na Espanha, países que concentram maiores estoques de brasileiros e cujos fluxos são mais consolidados. Por outro lado, o seminário deu visibilidade a pesquisas sobre países ainda pouco estudados no que se refere à migração brasileira, como é o caso da Bélgica, Holanda e Noruega.

Particularmente sobre a presença de brasileiros na França, foi apresentada a pesquisa levada a cabo por Marta dos Santos Silva sobre o casamento misto entre mulheres brasileiras e homens franceses, e um texto de minha autoria sobre a questão dos estudantes brasileiros na França, pensando a questão do retorno e da atualização do projeto migratório que pode se associar à circulação estudantil.

O meu texto foi intitulado “De estudante à migrante: percursos e percalços de brasileiros na França” e reflete sobre aspectos relacionados ao fluxo de estudantes nos últimos anos, tendo em vista a valorização crescente da internacionalização do processo de escolarização e formação profissional e os desafios que advêm da adoção de políticas mais rígidas pelo Estado francês. Este parece estar “enxergando” a circulação estudantil como um “migração disfarçada” e desta forma, vem criando obstáculos cada vez maiores para a concessão de vistos deste tipo.

Neste trabalho, analisei algumas trajetórias migratórias de estudantes brasileiros na França e de ex-estudantes retornados ao Brasil. As considerações vão no sentido de apontar que as fronteiras entre uma circulação estudantil, com uma expectativa temporal pré-definida e orientada pelo tempo de duração de um curso, e uma migração, dinâmica que tem uma expectativa temporal indefinida e mais complexa, podem assumir diversos matizes, com temporalidades cumpridas em alguns casos e atualizadas em outros casos, inclusive resultando no estabelecimento “definitivo” de moradia e constituição familiar na França.

Para quem quiser saber mais, acessar https://sites.google.com/site/seminariobrasileuropa2012/

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