Quem são e como vivem os brasileiros e brasileiras na França?

Gisele Almeida


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Presença brasileira no sul da França


Uma temporada, ainda que breve, na França estava planejada desde a concepção inicial do projeto, no final de 2009, em função das atividades da pesquisa de campo. Também planejava "circular" pela França  porque nunca quis fazer um estudo sobre brasileiros em Paris. Apesar das dificuldades e dos limites metodológicos que resultam deste “recorte” tão grande, planejava ao menos “passar” por diversas regiões do país. No entanto, sempre pensei que ficaria “estabelecida” em Paris. Me juntava ao eco daqueles que pensam na França e pensam em Paris. Mas outros caminhos se desenharam e eu fui “parar” em Aix-en-Provence. O que eu sabia sobre a cidade? Nada, além de que certas paisagens da cidade haviam sido registradas pelos pincéis de Cézanne!

Cheguei em “Aix”, no dia 3 de maio. Sabia que havia uma brasileira que morava lá em função de um blog e só. O desafio era (além de chegar e me ambientar, num lugar em que eu não conhecia nada e ninguém!) localizar os brasileiros que vivem no sul da França.

No primeiro dia em que fui para o laboratório da Universidade, um pesquisador, colega do meu orientador francês, soube qual era o tema da minha pesquisa e me falou que havia uma brasileira que trabalhava na Universidade, e me levou até ela. Essa “brasileira de Aix” me ajudou muitíssimo, colaborando com a pesquisa, indicando-me outras pessoas. Isso sem falar o “bom dia” em português, que cai muito bem quando se está isolada em terras estrangeiras!

Esse ponto de partida da “bola de neve” - expressão usada nas Ciências Sociais para indicar o método de seleção de amostragem não-probabilística, no qual alguém indica uma ou mais pessoas, que por sua vez podem sugerir outros nomes – me levou direta e indiretamente a outros 17 brasileiros/as em Aix-en-Provence, Marseille e Montpellier que aceitaram colaborar com a pesquisa, e que me concederam entrevistas.

Durante os três meses que fiquei em Aix, tive a oportunidade de fazer 30 entrevistas nas cidades já mencionadas e também em outras pequenas cidades próximas de Aix, Toulon e Nice. E se ficasse mais tempo, com certeza teria encontrado mais brasileiros! Porque houve muitos outros contatos de brasileiros que não foi possível compatibilizar as agendas no período; e havia mais pontos de “bola de neve” para chegar, que me levariam provavelmente para outras redes. Resultado: deixei Aix e o sul da França com uma lista de contatos que não puderam ser efetivados.

Aproveito para agradecer a disponibilidade dos 30 brasileiros da região que aceitaram colaborar com a pesquisa, me receberam, conversaram e compartilharam suas histórias comigo! A todos vocês, muito obrigada!!!



A presença brasileira na França pode não ser tão expressiva e intensiva, quanto em Portugal por exemplo, mas sem dúvida ocupa um lugar especial; seja pela forte presença da Capoeira, seja pelos eventos que promovem a cultura brasileira, através de espetáculos de música, dança, etc.

Em Aix, uma cidade cuja população é em cerca de 140 mil habitantes, acontece uma vez por mês uma “soirée brésilienne” com direito a música ao vivo e uma diversidade de ritmos brasileiros.
Em Marseille também é possível sair domingo à noite e ter a oportunidade de escutar música brasileira feita por excelentes músicos - brasileiros bien sûr! -  em um bar que fica na região central da cidade, não muito longe de Vieux-Port.

A presença brasileira em Marseille é notável, inclusive a cidade já teve um Consulado Brasileiro, desativado há alguns anos. Na Fête du Panier, uma grande festa que ocorreu num lugar super interessante de Marseille, que tem esse nome – Panier - e que lembra um pouco Olinda, os brasileiros puderam curtir um forró ao vivo no sábado à noite.

Deixei o sul com a sensação de que ali se pode viver na França e ao mesmo tempo estar mais perto do Brasil...seja em função do sol que aparece com mais força e frequência do que em comparação a outras regiões do país, seja pelo clima mais favorável para aqueles que estão habituados a sentir o calor tropical. 

Mas lá se fica um pouco mais perto do Brasil principalmente em função dos brasileiros e das brasileiras que lá se encontram, e que de uma forma ou de outra se aproximam, tecendo redes de amizade e apoio. Amigos e apoio são sempre necessários, mas são fundamentais quando se está muito longe de casa.

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